A coisa mais comum no mundo do design, são
pessoas que desejam ingressar na área do design eletrônico e
expressar sua criatividade fazendo trabalhos de qualidade, através
de programas de editoração eletrônica com recursos avançados,
efeitos especiais e funcionalidades gráficas, entretanto, sem ter
condições de pagar pelos mesmos. Visto que na maioria dos casos
estes programas tem um custo elevado, levando em consideração a
situação econômica dos interessados, a solução adotada pela
maioria é apelar para o software ilegal. As suítes mais procuradas
são as do Corel Draw e da Adobe. Até mesmo a plataforma para rodar
os mesmos pode ser ilegal. Versões pirateadas do windows XP, Vista,
Seven, 8... são tão comuns como notas de 2 reais.
Chega ser engraçado ver gente reclamando dos
efeitos colaterais do uso do software ilegal: quebrar a cabeça atrás
de seriais e geradores de senhas (patch, keymakers ou keygen) que por
sua vez acabam minando a segurança dos sistema do usuário. Além do
aborrecimento de bugs e problemas inesperados acarretados devido a
ausência de atualizações.
Vejo vários sites e blogs que prometem por
exemplo burlar o PROTEXIS (sistema que assegura a autenticidade do
Corel Draw mediante a comunicação do software com a Corel,
impedindo cópia salvamento e exportação de arquivos criados em
cópias detectadas como piratas). Quando os usuários tentam
desativar o protexis, a suite simplesmente para de funcionar.
Eu não vou ser mais um que vai ficar
chorando aqui e reclamando do alto custo destes recursos, e acusando
os desenvolvedores de serem arbitrários, visto que seus
proprietários tem vários motivos para manter os valores de seus
produtos neste patamar. Mas também não vou deixar de dar uma
solução alternativa para este desafio.
Como geralmente quem passa por este tipo de
dor-de-cabeça é geralmente o designer iniciante, sugiro que comece
pelos softwares alternativos. Sim, independentes!
E a maioria já sabe ou já ouviu falar deles, por
exemplo: no caso do Corel Draw o programa alternativo gratuito que
mais se próxima é o InkScape. "Ahh mas é limitado!"
Tô até vendo sua cara de desaprovação. Mas, pense bem, você não
está começando agora? Qual é o grau de conhecimento do Corel que
você tem? muito pouco, não é? Numa situação como esta por mais
que se argumente que o Corel tem mais recursos, você não saberá
como tirar proveito deles, terá de aprender primeiro para poder
fazer direito. Então porque não aprende primeiro com o gratuito?
Por incrível que pareça, mas você aos poucos vai descobrir que são
os mesmos recursos que o Corel apresenta, só que numa estrutura
diferente. O resultado final será o mesmo. Por experiência própria
posso dizer isto porque trabalho com Corel Draw ha mais de 20 anos, e
com certeza o grau de aproveitamento da ultima versão do InkScape
(0.91) é o mesmo de um Corel Draw 11.
Mas, "peraí"!? você pode estar
pensando - Corel 11? Essa versão é de 2002 - 13 anos atrás! Pois
é. Mesmo assim posso afirmar com propriedade que trabalhei com esta
versão até 2009 criando panfletos, anúncios, banners, placas e
cartazes com qualidade. E não há recurso na versão atual (X7)
ausente na versão 11 que me force utilizar a versão X7, além da
necessidade de abrir arquivos provenientes de clientes ou parceiros
que a usam (na maioria das vezes ilegalmente). E o Inkscape
incorpora justamente estas características.
Não vou desmerecer o Corel Draw de forma alguma.
No meu trabalho uso uma cópia legal do Corel X7, e estou muito
satisfeito. Mas e se não tivesse conseguido uma cópia legal? O
Inkscape certamente não me deixaria na mão. Como de fato não me
deixa.
Mas talvez você aponte uma deficiência real que
há nele, e de certa forma até séria, no caso de quem vai trabalhar
com saída para impressão gráfica (prepress). Trata-se da
impossibilidade de pre-visualizar cores CMYK nos trabalhos feitos
nele. Existe até mesmo como utilizar o perfil de cores para produção
dos trabalhos com o padrão de cores próprio para impressão Offset
e Serigrafia (silk screen), mas na tela você vê o preview em RGB.
Mesmo assim é possível você selecionar o padrão CMYK na paleta
fill e stroke, onde tem o perfil CMYK.
E poderá salvar no formato
SVG. Também pode salvar seu trabalho em PNG e depois abrir no Krita
e converter para CMYK ali. Ambos os programas são para linux. (Já
falo nele). Uma outra solução seria salvar em SVG e abrir no SK1
(aplicativo linux) para conferir as cores.
Não vou enganar, isto são soluções
burocráticas. Mas servem tanto para ajudar a desenvolver destreza
técnica no manuseio das ferramentas, como também ajuda a ter uma
idéia de como os efeitos podem ser aplicados em cada plataforma.
Por falar em plataforma, eu mencionei o linux um
par de vezes. As vantagens de se usar uma boa distribuição linux
como sistema operacional são um capitulo a a parte. Falarei sobre
isto num próximo post. Mas posso assegurar que é um ambiente
excelente para quem precisa começar desenvolver design mas não quer
correr os riscos inerentes de usar um windows pirata (segurança
fragilizada, instabilidade, falta de atualizações críticas, etc.)
Os programas que citei rodam muito bem nele e com excelente
desenvoltura.
Em suma, o conselho que dou é: se você tem
dinheiro, tem um bom computador e tem pressa de se juntar ao clube
dos usuários que gostam de ostentar suas criações feitas em suites
da Adobe e da Corel - crie vergonha na cara, pague pela versão
original e deixe de ser um marginal gráfico.
Mas se você não tem dinheiro, está começando,
seu PC ainda não é lá estas coisas, mas você é criativo e gosta
de aprender, então entre de cabeça no Incskape e no linux e não
terá com o que se arrepender. Aí com certeza mais adiante quando
você já tiver prática e estiver ganhando dinheiro com seus
trabalhos, quem sabe queira comprar uma cópia original de uma destas
suítes famosas?
Prometo que vou passar a dar dicas e tutoriais de
Inkscape, Scribus, Gimp, SK1, Blender bem como utilização de
Máquinas Virtuais, para mostrar que é possível ser um bom designer
alternativo.