quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

TRON - Uma Odisséia Eletrônica X TRON - O Legado


Sou um admirador de ficção ciêntífica, ou melhor, da boa ficção científica. Aquela que imaginada primeiramente por autores brilhantes como Julio Verne, Isaak Asimov, Robert Heinlen, Francis K. Dick e Willian Gibson. Daí cientistas sonhadores e empolgados, inspirados nas possibilidades imaginadas pelos autores, se atiram em pesquizas que acabam resultando em inventos e descobertas reais. Como por exemplo o Fax, o foguete espacial, o submarino, o raio laser, telefone celular, etc.

Eu nunca fui empolgado por TRON. Gosto de filmes com bons roteiros (estórias), e sempre soube que era um roteiro bem superficial, um filme que se os criadores tivessem aproveitado melhor a idéia, poderiam ter conseguido emplacar muito melhor. Minha admiração por TRON se limita apenas a questão da tecnologia. Tenho vamos dizer, uma reverência tecnológica por TRON - um respeito.

Observe que naquela época, não havia ainda a expressão "multimídia", não havia DVD, o Macintosh - computador com melhores recursos de video e som na epoca - ainda nem engatinhava, mamava e mijava nas fraldas. Não haviam nem programas profissionais de renderização de imagem voltados para a animação. Mouse?! o que é isso?! Tudo foi criado excepcionalmente para o filme, servindo de plataformas para muitas outras produções que viriam depois, e se tornando a referência para a criação de softers, efeitos e plataformas exclusivas para a criação computadorizada.

Comparo TRON aos trabalhos da banda Kraftwerk, no início da década de 80. Era um som que não servia pra dançar, que em muitos casos irritava e que pouquíssimas pessoas conhecem, entretanto foi um experimentalismo que abriu as portas para a música eletrônica. Todos os efeitos musicais, programas e instrumentos eletrônicos que hoje existem voltados para música eletrônica em todas as suas vertentes, são descendentes do que o Kraftwerk entre outros artistas criaram. Assim é TRON.

TRON foi influência para o filme War Games (1983), e principalmente do seriado Automan - no mesmo ano, e de muitos outros da mesma época e que cogitavam a possibilidade de uma interação entre o mundo digital e o mundo físico.

Ainda não assisti a TRON O LEGADO, mas ainda vou assistir. Espero que tenham aproveitado melhor o argumento - colocado maiores e melhores diálogos. Agora você tem que concordar comigo: TRON é avô de Matrix, e nasceu de quem leu Neuromancer (uma visão do futuro da informática e do mundo bem hardcore - uma espécie de 1984 da informática). O próprio MCP lembra muito o ditatorial HAL 9000 de 2001 Uma Odisséia no Espaço.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O que há de romântico no design?

Pra desenhar legal, tem que ter mais do que imaginação. Tem que ter paixão pelo que você desenha. A idéia vem na cuca e você se amarra nela, e não larga enquanto o desenho não sai alí - redondinho.
Sim - o desenho romantico é arredondado. Tem harmonia nas formas, tem uma linguagem - conta uma história.
É por isso que quando você está inclinado a criar algo pra alguém, seja por questão financeira, ou por questão sentimental, você tem que ter uma ligação sentimental com o que cria. É como cantar. Não sei se acontece com você caro leitor, mas às vezes tenho vontade de ouvir música, e não tenho como ouvir no momento, e então eu canto. Mas aí algo engraçado acontece. Não acho nada que me agrade pra cantar. A música simplesmente não continua e então eu paro.
Entretanto, quando estou a fim de cantar mesmo, sozinho, andando pela rua, músicas e mais musicas vem, e se eu souber a letra, canto todas, talvez até mais de uma vez.
Assim acontece também com o desenho. Quando falta a inspiração, por mais habilidoso que você seja, e por mais criativo que seja, o que sai da sua mão não tem vínculo como você, e então mau você terminou de esboçar, e já está com vontade de jogar no lixo. Ou então termina o esboço, guarda sua criação, e no outro dia quando vai olhar, mal reconhece o que fez:
— Mas que porcaria é isso aqui?! Fui eu quem fez isso mesmo?
Pior ainda quando você vai refazer, e quanto mais refaz, pior fica. Estou com um caso assim na mão no momento. Não consegui pegar paixão pela idéia do trabalho, e não está me saindo nada que me agrade, e meu cliente acha a mesma coisa.
Aí vem sempre uma vozinha na minha cabeça que diz assim: Olha só a fonte que fulano usou naquele anuncio da revista... Ou olha que efeito "da hora" tem no site de Beltrano...
Sou da opinião de que se tratando de arte, você não pode ficar repetindo fórmulas. É como escrever poesia para a pessoa por quem tem paixão.
Quando você faz uma poesia para alguém, é só pra esta pessoa. Foi um período de tempo que você dedicou somente a ela. Sacrificou parte da sua vida para ela. Não poderá usar a mesma poesia para outra pessoa, ou copiar a poesia de outro poeta e colocar seu nome e mandar para quem você ama.
Assim deve ser com o design. Então se quer fazer algo que seja realmente significativo para você, faça com paixão, caso contrário - não faça.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Mais uma opção para quem gosta de Linux

Se você quer sair debaixo do domínio da microsoft, ou assim como eu está de saco cheio de trabalhar com software proprietário, ou então já experimentou o Ubuntu e achou que está cru, então veja só o S. O. que o pessoal da faculdade Área-1 desenvolveu aqui mesmo no Brasil: Ekaaty! Uma distro do Linux totalmente brasuca, e já está na versão 4. O Ekaaty é baseado em KDL e bastante estável.
O projeto Ekaaty é um sistema operacional livre, robusto, seguro e amigável baseado no GNU/Linux e desenvolvido em conjunto com a comunidade. Seu diferencial em relação a outras distribuições é que foi planejado para ser um sistema que atenda às necessidades específicas de usuários brasileiros.
No Ekaaty, o usuário poderá entrar em contato com os desenvolvedores, seja para reportar bugs ou solicitar recursos em sua língua nativa e de maneira direta, pois o projeto tem seu foco na interação com a comunidade.
A distribuição é otimizada para o uso em desktops e preparado para uso em laptops. É planejado para ser um sistema enxuto, que consome menos espaço em disco e menos recursos da máquina, e ter uma aparência polida, possibilitando uma melhor usabilidade e experiência.
O Ekaaty vem com todos os programas que você precisa para o uso diário, tanto em casa, quanto no trabalho - um ambiente de trabalho moderno e fácil de usar, editores de textos, planilhas, navegador Web, suíte Groupware, mensageiro eletrônico e muito mais. Por tudo isso, é indicado para estudantes, pequenas empresas e entusiastas de Linux. http://www.ekaaty.org/v4/

domingo, 5 de setembro de 2010

Quem escreve lê. Quem desenha vê.

Você tem tempo? Não? Então pode parar de ler por aqui. Volte aos seus afazeres por que, com certeza depois você vai dizer que o que tinha pra fazer era mais importante do que eu coloquei aqui, e vai falar mal de mim, vai reclamar que roubei seu tempo, e bla-bla-blá...

Ah, você não tem tempo, mas está curioso, e quer saber o que tenho a dizer? Ah, então aí já são “outros quinhentos”. Devo então te agradecer por me dar um voto de confiança, espero não te decepcionar. E se você tem tempo e tem curiosidade, então melhor ainda, por que com certeza vai gostar. A menos que o que eu escrevi aqui já seja do seu conhecimento e soe redundante, vai gostar de falar do assunto ou vai gostar de me retrucar.

Bom, primeiramente preciso esclarecer que não sou escritor e nem redator, mas sim um apreciador da boa escrita. Justamente por não ser muito bom com as palavras, eu procuro externar o que sinto e penso através do que desenho. Escrever é uma arte, e como estamos falando de arte, a observação é cabível.

Creio que todo mundo nasce com essa faculdade de desenhar. Quando somos crianças, todos nós desenhamos, bem antes de escrevermos, e é assim que nos expressamos no papel, bem antes de sabermos o be-a-bá. E na realidade a maioria das crianças tem condições de continuar e serem bons artistas e se expressarem bem por meio da imagem.

Entretanto o tempo e a falta de incentivo faz com que a maioria das crianças perca seu interesse pelo desenho. Essa na minha opinião é a primeira atrofia que sofremos quando somos crianças. Se não houver quem regue nossa plantinha da criatividade, ela seca. E nunca saímos do desenho da casinha quadrada e sem perspectiva, da árvore que parece a bomba atômica, do homem-palito e da mulher borracha.

Com o passar do tempo isso se estende à escrita, depois a leitura. E no fim a única coisa que mal fazemos em termos de arte é cantar um pouco sozinhos – ou dançar na juventude enquanto o corpo colabora. Ou seja: viramos reboladores iletrados.

Tive a sorte de ter pais que me viram desenhar e me incentivaram. Eu também era muito curioso. Eu queria ver tudo e saber como tudo funcionava, como não via tudo o que queria, então eu desenhava e inventava no papel o que eu achava que fosse a realidade.

Meus pais viram e me apoiaram. Me elogiaram. Até minha irmã desenhou bem por um tempo – depois perdeu o interesse.

O interessante é que eu sempre quis contar histórias, queria desenhar filmes – concretizar o que imaginava e até hoje é um pouco assim. Isso me ajudou muito a me tornar um bom leitor. E creio que todo artista gráfico sente a mesma coisa.

No caso do desenhista ou ilustrador ele procura avidamente alcançar a realidade. Já o artista plástico, procura tornar realidade a fantasia. Trazer pra realidade um pedaço do universo de sua mente, do seu espírito.

E o cartunista, tem um pouco de cada um dos três, mas tem algo a mais que o torna um gênio: ele faz rir.

O cartunista é acima de tudo um humorista gráfico. Ele pode até mesmo não desenhar bem, pode não ter um traço caprichado e até confuso, mas as tiradas, as piadas contadas em 1, 2 ou 3 quadros são perfeitas. Veja o caso do Glauco: o Geraldão, personagem criado por ele, é feio pra danar. O traço do Glauco é de uma simplicidade absurda, mas as piadas que ele criava para o personagem, o arsenal de besteiras, é impressionante.

Outro fator é a simplicidade. É como fazer haikai – aquele tipo de poesia japonesa que se escreve com poucos caracteres. O cartunista te faz rir com 3 quadrinhos ou até com um só – e isto é divino.

O Chico Anísio costumava dizer que se as pessoas riem de você, é porque você é palhaço. Agora se as pessoas riem do que você diz ou faz, então você é um humorista. E no caso do cartunista ele domina 2 mídias: a escrita e o desenho. E tem mestres como Mordillo, Aragonéz e Maurício de Souza que não precisam escrever nada – contam piadas sem palavras.

Na minha opinião o melhor cartunista do Brasil é Fernando Gonzáles. Não tem uma tira que ele desenhe que não me faça rir. Sem contar o fato de não ser apelativo. A vasta maioria de suas piadas não utiliza o sexo como combustível, e nem por isso é sem graça ou infantil. É um humor inteligente.

O que mais sinto falta aqui no panorama editorial de Alagoinhas é justamente isso. Falta arte na arte. Existem excelentes designers de publicações em Alagoinhas. Entretanto a maioria limita-se apenas ao Corel Draw, ao Adobe Ilustrator, ao Photoshop, e extrair deles efeitos criados eletrônicamente de forma magnífica. Mas aí é que mora o perigo: A arte se torna exclusivamente artificial. Sem alma, sem sentimento. Algo que causa impacto, realça e completa textos e nada mais.

Falta o elemento humano – aquele que faça rir, ou chorar. Quase ninguém faz cartum para os meios editoriais. E quase nenhuma publicação da região pede ilustrações ou mesmo fotos artísticas para suas páginas e matérias – ou seja não tem gente desenhando para os meios de comunicação da cidade – tirando o Jornal Expresso 18 e a Revista ACIA Divulga, nenhum outro veículo de comunicação escrita utiliza cartum ou ilustrações artísticas feitos por gente da cidade. Acho isso perigoso. Acaba colocando um clichê de falta de criatividade no mercado editorial local (me atrevo a assim dizer).

Como já diria Frejat: “Parabéns aos que tem coragem, aos que estão aqui pra qualquer viagem” pois se é com uma imagem que dizemos mil palavras, quem ousa desenhar é por que tem muito pra falar. Pronto, você me deu seu tempo e não doeu nada, continue assim, e logo estará desenhando ou escrevendo também.